Dizem que o sucesso faz bem para algumas pessoas. O indivíduo fica mais calmo, muito mais sociável, bem-disposto, otimista, alegre, simpático e, definitivamente, mais rico, o que para as mulheres é um traço de caráter importante.
O que a exposição prolongada ao fracasso e ao anonimato promovem é justamente o contrário. Depressão, impaciência, antipatia, inconformismo, revolta, raiva, falta de dinheiro e, por conseqüência lógica, falta de mulher.
Não que elas sejam “viciadas” em dinheiro, apenas são mais espertas que a maior parte dos homens e sabem que num mundo capitalista elas precisam garantir um mínimo de conforto e perspectivas de ganhos pessoais às custas, literalmente, de maridos bobões. É bom que seja assim, inclusive. Temos o instinto natural de “provedores” e curtimos este papel, desde que haja a contraparte, ou seja, elas deixarem que encostemos nelas de vez em quando.
Mas estou perdendo o fio da meada. O foco aqui é outro. Estava me referindo aos benefícios do sucesso. Quando se tem equilíbrio emocional, estrutura psicológica e maturidade para atingi-lo, as coisas de fato mudam para melhor... muito melhor. A diferença é que todos estes termos, “equilíbrio emocional”, “estrutura psicológica” e “maturidade” têm algo em comum. Todos são resultados da derrota, da perda de ilusões, dos fracassos, das iniciativas mal-acabadas, das esperanças, paixões e amores dizimados, pulverizados ao longo do caminho. "Legal", não é?
Isso significa que quando o sujeito finalmente consegue alguma projeção no seu trabalho, seja ele no campo artístico, médico, empresarial, etc, já não importa mais. O período de exposição ao fracasso e à incerteza foi tão ridiculamente prolongado que não sobra motivo para sorrir diante das novas possibilidades. Mesmo porque, dependendo do quão desgastante foi a caminhada, há de se ter a convicção absoluta, a certeza inabalável de que o desleixo, a empáfia e o comodismo irão invariavelmente remetê-lo à condição miserável em que vivia antes.
Então, como eu disse, o sucesso realmente faz bem e até certo ponto é necessário e vital para algumas pessoas. Não podemos confundi-lo com a “ambição”, pois esta, como diria Oscar Wilde, é “o último refúgio dos fracassados”. Ser bem-sucedido no que se faz implica em um grau de auto-conhecimento absolutamente constrangedor, revoltante, nauseante até. Mas tudo bem. É o preço que se paga. Também vem “incluído no pacote” uma dose considerável de disciplina para o constante aprimoramento, a humildade para trabalhar em equipe, resultante da consciência de que ninguém consegue nada sozinho.
Moral da história: querer ser famoso é um saco. Quando não somos, vivemos na merda, à margem da sociedade, incapazes de perceber e usufruir as pequenas conquistas do dia-a-dia e a nossa qualidade de vida. Quando adquirimos um certo grau de reconhecimento, temos que continuar trabalhando muito do mesmo jeito – talvez até mais – para manter o “status quo” de "celebridade", de referência, admiração e fonte de inspiração para tantas outras pessoas. Tudo muito chato.
Por quê continuo tentando então? É “murro em ponta de faca”? Não. Graças ao filme “Tropa de Elite” e ao livro do técnico de vôlei Bernardinho, agora tomei conhecimento de duas verdades importantes:
- “O sistema trabalha para resolver os problemas do próprio sistema” (ou seja, precisamos compreendê-lo para utilizá-lo a favor da causa que acreditamos);
- O reconhecimento depende essencialmente da disciplina, do esforço constante, do treinamento, do exercício (seja físico, mental ou intelectual) e de uma capacidade de integração social que precisa ser dominada. Alguns sortudos já nascem com ela, outros, como eu, não.
Tudo isso é foda. Muito difícil mesmo. Eu queria terminar este texto com alguma coisa inspiradora, tenho certeza que tinha algo positivo para dizer, mas como continuo na merda, então foda-se.
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