*O título está entre aspas porque trata-se de uma frase proferida pelo músico, apresentador, filósofo e mala Lobão, em uma de suas entrevistas, mais ou menos no final da década de 90. Ele explica que ao "idolatrar" alguém a pessoa transfere para o "ídolo" qualquer tipo de realização pessoal que estava procurando, e acaba 'projetando' no outro seu próprio sucesso em potencial". Faz sentido.
"Estes caras do Rio e de São Paulo de quem você tanto fala, estes comediantes que você tanto idolatra, eles por acaso já viram algum vídeo seu? E, se assistiram, algum deles fez algum comentário?"
Estas indagações, feitas recentemente (e com muita propriedade) pela minha companheira Ana Maria Nogueira Rezende, me deixaram um pouco pensativo:
"Será que eles assistiram e acharam tão ruim, mas tão ruim que ficaram até com vergonha de comentar?"
"Será que gostaram mas ficaram com algum sentimento negativo em relação a mim? Assim, de graça?"
"Será que acham que estou fazendo 'pouco caso' pelo fato de ter sido convidado a participar de uma apresentação, desde 2005, e eles simplesmente não aceitarem o fato de que eu realmente não consigo bancar uma curta estadia em um hotel meia-boca (ou meia-estrela) em uma cidade do porte de São Paulo, por exemplo?"
"Será que não entendem que passei a valorizar muito mais a famosa hospitalidade mineira, cuja generosidade inerente é facilmente constatada em frases do tipo 'esquen cabeça não, quan cê fô pó ficá lá em casa, sô'"
São perguntas básicas, cujas respostas me assombram diariamente (quer dizer, a última, nem tanto). Se todo artista é inseguro por natureza e vive em busca de afirmação - "por favor, gostem de mim! olhem para mim! riam de mim!" - então neste ponto pelo menos já posso me considerar um 'profissional', afinal de contas sou o tipo de pessoa que ri da própria piada junto com o público e ainda fico me perguntando se ela "foi boa mesmo"...
Salvo honrosas exceções, como o Fábio Rabin, Os Comédia e o Murilo Gun, a ponderação da Ana Maria Nogueira tem fundamento! Mas o que importa, no fim das contas, é que continuarei encarando o stand-up da mesma forma que sempre encarei: como um trabalho. E muito, muito sério mesmo! Sempre possível e passível de melhorias, transformações, adaptações, improvisações, excursões e o escambau... minha dissertação de pós-graduação, inclusive, foi sobre isso. 2008 está aí. As coisas mudam. Quem sabe agora eu possa bancar uma rápida estadia na cidade (muito) grande? Fico imaginando se o convite já expirou ou se ainda está no "prazo de validade"...
aí, cara.
ResponderExcluirlegal as suas reflexões!!!!
penso isso sempre!!!!
Abraços,