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Chega!

James Hetfield, vocalista do Metallica, é atualmente um "jovem senhor" de cerca de 54 anos, casado, pai de família, sossegado. Porém, continua sendo vocalista da banda de heavy metal que eu mais gostava na adolescência e na juventude. Sendo assim, vi com grande interesse uma de suas recentes entrevistas e, para minha total surpresa, ouvi algo mais ou menos assim:

"- Na época do colégio, eu era muito tímido. Não conseguia falar nada. Não sabia como me aproximar das garotas. Ficava calado o dia inteiro na escola. Tinha pouquíssimos amigos. Tinha vergonha de tudo. Tinha muito medo de tudo. Só conseguia me expressar pela música, tocando guitarra".


Ele falava sobre a origem de suas inclinações musicais, revelando a motivação inicial que deu origem a toda uma mundialmente reconhecida carreira de sucesso. E à melhor banda de heavy metal de todos os tempos. 

Quando Michael Jackson fez o "passo Moonwalk" pela primeira vez, nos Estados Unidos, em um evento dos 25 anos da gravadora Motown, em 1983, uma das ilustres presenças na plateia era o cantor Frank Sinatra. O movimento que deixou o mundo de queixo caído, embasbacado e hipnotizado, teve, para mim, o melhor comentário de todos os tempos proferido por Sinatra:

" - Meu Deus! Olha a raiva nas pernas dele!"

Eddie Murphy, na época, também fez muito sucesso comentando o "acontecimento". 

"Aquele passo do Michael é idiota. É idiota porque eu não sei fazer. Como alguém anda para frente e vai para trás ao mesmo tempo? Eu não entendo!".


Sempre fui extremamente tímido, nunca falei nada na escola, continuo não sabendo conversar com as garotas e sempre tive muita, muita raiva de tudo e de todo mundo. Nem por isso conquistei uma carreira mundialmente famosa em coisa nenhuma. Porém, ciente de que existem centenas de exemplos como os descritos acima, acredito piamente que nós precisamos combater rigorosa e diariamente a cultura da idolatria. "Toda idolatria é uma forma de covardia", já diria o Lobão. "Você projeta no outro aquilo que não conseguiu fazer por conta própria", observa. "E fica 'de boa', tranquilo, sossegado, conformado".

Da próxima vez que você se ver admirando demais algum artista, jogador de futebol, músico etc., imagine esta pessoa com uma dor de barriga "explosiva", sentada em uma privada, calças "arriadas" nas canelas, contorcendo-se de dor. Sim, esta pessoa é só um ser humano. Também está sujeita às leis da natureza, tem necessidades fisiológicas, fica gripada, fedida, mal humorada, também vai envelhecer. E, como o próprio Michael Jackson mostrou, não vive para sempre.

O raciocínio também vale para a política. Vamos parar de aceitar e/ou  procurar um "salvador da pátria". A "pátria" já faliu. Os últimos 16 anos de governo destruíram a nação. Só agora os culpados estão sendo punidos. Ou pelo menos desmascarados. A cidade do Rio de Janeiro parece um cenário pós-apocalíptico de falta de esperança. Um "The Walking Dead" da vida real.

Funcionários públicos passando fome. Atrocidades cometidas à luz do dia, em todos os cantos. Hospitais, escolas e segurança pública sem recursos. Pessoas morrendo, sendo baleadas dentro das próprias casas, enquanto dormem ou tomam banho. Grávidas também sendo vítimas de balas perdidas e dizendo "adeus" antes de poder dizer "bem-vindo" aos seus herdeiros. Fenômenos também conhecidos como "mais uma quarta-feira", no Rio. 

Portanto, decrete o fim da idolatria. Pare de consumir "informações" em sites ou programas de rádio e tv sobre as "celebridades". Em vez de fomentar a indústria da fofoca e da tomação de conta da vida alheia, cuide da sua. Pense o que pode fazer pelo outro, pelos seus amigos, colegas familiares. Pergunte-se todos os dias "como posso ajudar aquela pessoa a alcançar o sonho dela?".

Não será, nem de longe, a "salvação da pátria". Porém, como fez James Hetfield em seus primeiros acordes com a guitarra e Michael Jackson em seus passos de dança... seria, sem dúvida, "um bom começo".

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