O primeiro game que me recordo de
ter jogado foi Black Belt, do saudoso e querido Master System, lá pelos idos de
1988, 89, por aí.
Eu tinha 10, 11 anos na época,
porém, o jogo já separava os homens dos meninos. A curva de aprendizado era insana,
ainda mais se considerarmos que existia só um botão de golpe (soco ou chute) e
um botão de pulo. Os chefes de fase iam ficando cada vez mais desafiadores e
repetir a mesma estratégia do chefão anterior era garantia de morte certa.
Portanto, desde os primórdios dos
jogos side-scrolling, de luta/ação,
os programadores já recompensavam aqueles jogadores que tinham a capacidade de
se adaptar à dificuldade de cada desafio em vez de esmagar alucinadamente os
botões e “torcer” para que o jogo “desistisse” e simplesmente te deixasse
ganhar.
Não havia “save” entre as fases, os
gráficos eram pixelados - o auge da
resolução 8-bits! - porém os desafios eram empolgantes. Lembro-me bem de Alex
Kidd, porém a memória afetiva evoca imagens do Psycho Fox, até hoje um dos meus
preferidos de todos os tempos (e todas as plataformas). O que não havia de
recurso gráfico era amplamente compensado pela criatividade! Bons tempos.
O Mega Drive foi um salto de
qualidade descomunal em relação ao seu antecessor e lembro-me de ficar de
queixo caído, na casa de um amigo em São Paulo, embasbacado e já fazendo uma “lista
mental” para pedir ao Papai Noel um Altered Beast de presente (além do
videogame “revolucionário”, claro).
Não consegui nenhum dos dois.
Entretanto, a memória afetiva – esta bendita, mais uma vez! – evoca lembranças
gloriosas de jogar na casa dos colegas de escola. Foi assim que conheci, e
virei fã incondicional, de grandes games da época como E-Swat, Streets of Rage,
Golden Axe, Sonic, e mais tarde, já com o SNES, de Zelda, Donkey Kong, Super
Mario, Demon’s Crest, Mortal Kombat, Tartarugas Ninja e, claro, Street Fighter.
Este último, inclusive, me faz lembrar, com doses saudáveis de vergonha "alheia" e um
sorriso de canto de boca, do argumento “infalível” para convencer meus pais a compra-lo.
“Mãe, você não está entendendo. Depois que eu tiver este jogo, não preciso ter
mais nenhum porque... este é igual o do fliperama! É ‘O’ jogo!”.
Desta vez o “apelo” seria
atendido. Desnecessário dizer que devo ter pedido outros trocentos jogos depois dele, sabotando, portanto, minha própria
teoria, fazendo com que se tornasse apenas mais “um” jogo.
A chegada do Playstation 01
também foi um divisor de águas gigantesco no mundo dos games. Um salto quântico na capacidade de informação armazenada, na qualidade dos gráficos e, principalmente, no áudio! Pela primeira vez surgiam vozes, trilhas sonoras "reais", tudo para nos deixar com o queixo no chão.
“Como assim os jogos não rodam
mais em cartuchos? Rodam direto dos CD´s?”. Uau. Sinais dos tempos. A
modernidade tecnológica finalmente contemplava os pobres usuários de jogos
digitais. Os controles – joysticks, manetes, como queiram – também sofriam
mudanças estruturais radicais com a chegada dos analógicos e dos gatilhos
sensíveis às pressões dos nossos dedos frenéticos e incansáveis. O realismo dos
gráficos andava a passos largos e o conceito de “imersão” no universo de cada
jogo começava a tomar forma. Acessórios dos mais variados contribuíam muito
para tal fenômeno. Volantes, armas, óculos, controles especiais, sensores de
movimento, enfim... a revolução dos games não poderia ser contida.
A Sony manteria seu império e sua
hegemonia neste bilionário mercado (Sorry, Nintendo! Good game, though!) por praticamente
duas décadas – façam as contas, haters e fanáticos de plantão! De 1996 a 2016.
Não é um cálculo difícil.
Independentemente da sua
plataforma de preferência, lembre-se disso. Jogar é uma experiência que carrega
lições definitivas para todos os aspectos da vida. Superar desafios à primeira
vista impossíveis, receber doses cavalares de adrenalina e endorfina via
trilhas sonoras indiscutivelmente épicas, envolver-se com o enredo, a trama, os
personagens, a ponto de sentir a dor da perda pela “morte” de alguns deles (e
delas, né?), entender – a ponto de simpatizar-se! – com a motivação de certos
vilões e antagonistas, contemplar os créditos finais com a inabalável convicção
de que você fez o seu melhor e se tornou um ser humano melhor por isso. Enfim,
outras centenas de razões, menores ou maiores, que não vêm ao caso agora, entram
fácil nesta lista.
Por isso eu não entendo, não gosto
e nunca vou aceitar fanatismos idiotas (com o perdão do pleonasmo). “Nintendistas”,
“caixistas”, “sonystas” de plantão. Peçam desculpas. Perdoem-se. Existem formas melhores de direcionar este
ódio todo. Correr, andar, pular, matar um chefão de fase, escrever um “textão”
que provavelmente ninguém vai ler... são apenas algumas sugestões. Meu amor
pelos jogos eletrônicos vem dos tempos em que eram chamados de “jogos
eletrônicos”. Minha admiração por um game bem-feito, seja de qual plataforma
for, nunca mudou. Neste sentido, portanto, podemos dizer que minha “fidelidade”
está no trabalho feito com verdadeira adoração pelos seus idealizadores.
Lista de jogos mais
emocionantes/marcantes/inesquecíveis
nestes 40 anos de vida:
- The Last of Us (empate técnico com Shadow of the Colossus)
- Uncharted 4
- The Witcher 3
- Chrono Cross
- Streets of Rage (1 e 2)
- Revenge of Shinobi
- Final Fantasy VIII, XIX e X
- QuackShot (Sim! Primeira vez que vi que videogame também era arte!)
- Child of Light
- Golden Axe 1
- South Park – The Stick of Truth (tive o original do PS3 e do Xbox 360!)
- Parasite Eve 1
- Resident Evil 2
- Resident Evil 4
- Assassins Creed Origins
- (to be continued...)
Obs.: Conforme eu for me lembrando,
vou atualizando a lista aqui, afinal de contas, são mais de 30 anos e talvez
centenas de milhares de jogos detonados.
Comentários
Postar um comentário
Seja bem vindo(a), fique à vontade e volte sempre!