Precisamos falar de Detroit
Become Human.
Terminei o jogo há pouco tempo e
já estou curioso para explorar novas possiblidades no desenrolar da história.
Vamos, primeiro contextualizar a
coisa toda. O “hype” que tenho neste jogo existe desde 2012, quando a QuanticDream revelou um curta-metragem chamado “Projeto Kara” em uma convenção de
games (GDC). Era a apresentação do – até então – "novo" motor gráfico da empresa, ou
seja, uma tecnologia que eles estavam demonstrando por meio de um “trailer”
para que as pessoas tivessem um vislumbre das possibilidades que aquele motor gráfico poderia oferecer.
Na época também se falava que a
tal tecnologia seria usada nos jogos da Quantic para o Playstation3.
Bom, o principal é o seguinte: a
atriz que interpretava a Kara, a Valorie Curry, nascida em 1986, de 1,63m de
altura, deu vida a uma androide muito... peculiar. Em uma época onde se falava muito a respeito da qualidade de "captura de movimento" para jogos e filmes, foi a primeira vez que vi, com tanto realismo, uma verdadeira captura de sentimento, graças à atuação desta excelente atriz.
Aqui cabe um parêntese rápido. Como passei praticamente a adolescência
inteira e boa parte da vida adulta sem ter o mínimo de interações humanas
consideradas “normais”, TUDO que faz alusão a esta “vontade”, a esta “mecânica”,
me deixa mais do que fascinado. Este trailer de 2012 me prendeu de um jeito
totalmente visceral, emocional e, se o jogo fosse focado apenas nesta
personagem, para mim já estaria perfeito.
Veja só que conflito incrível
quando o técnico descobre o “defeito” da androide. É, até hoje, um dos melhores "filminhos" que já vi na vida.
Se considerarmos que atualmente
os medicamentos psicoterápicos tratam a química do cérebro, interferindo em
processos de reação e captação de substâncias que produzem certos hormônios, o
fato do jogo da Quantic Dream tratar alguns comportamentos “humanos” dos androides
como “falhas” de certas linhas de programação – que não reagem nem captam
informações de forma adequada – é algo simplesmente sensacional!
O raciocínio inverso também é interessante. Se nós, enquanto sociedade, somos obrigados a executar tarefas repetitivas, cotidianas, por vezes até extenuantes e estressantes para manter o nosso bem estar e equilíbrio emocional, por quê nos comparamos a "robôs" quando não suportamos isso mais?
Então, além da expectativa
emocional que eu já estava em relação ao jogo, desde 2012, ainda existia a
vontade de jogá-lo por razões pessoais para entender, questionar ou reinventar a chamada “bússola moral”, ou seja, para
que eu pudesse me conhecer um pouquinho melhor a partir das escolhas que o jogo
me obrigaria a fazer o tempo todo. Escolhas, algumas, dificílimas! Dificílimas.
OBS: ATIVE A LEGENDA DO VÍDEO ACIMA NO ÍCONE AO LADO DA ENGRENAGEM!
Então, o veredito final é. O jogo
é uma PORRADA! Pode facilmente te levar às lágrimas pela beleza de algumas
cenas ou brilhantismo de certos diálogos. Pode te levar ao arrependimento
imediato pelas consequências de algumas escolhas e pode colocar um sorriso
idiota estampado no seu rosto, fazendo você respirar fundo, aliviado, por ter
conseguido cumprir um objetivo aparentemente impossível.
Quando se dizia antigamente que determinado game era como se você estivesse
“jogando um filme”, agora, com Detroit Become Human esta afirmação finalmente
ganha um novo significado.
Obviamente que não é um jogo para qualquer um. Porém, é uma
obra corajosa, cinematográfica, com belíssimas atuações – exceção feita à
pequena Alice, infelizmente – trilha sonora grandiosa, direção de arte digna de
Oscar, 03 personagens cativantes que você assume a responsabilidade de conduzir
e diversos finais que muitos irão querer ver.
Méritos ao diretor e roteirista David Cage pelo empenho em
passar tantos anos e certamente tantas dificuldades para levar ao jogador uma
experiência imersiva primorosa.
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